18ª Jornada de agroecologia – curitiba-pr
Por Anne Geraldi Pimentel[1]
Com o tema“Terra Livre de Transgênicos e Sem Agrotóxicos, Cuidando da Terra, Cultivando Biodiversidade e Colhendo Soberania Alimentar, e Construindo o Projeto Popular para a Agricultura!”, foi realizada a 18ª Jornada de Agroecologia do estado do Paraná, entre os dias 29 de agosto a 01 de setembro. Sediada, pelo segundo ano consecutivo, na cidade de Curitiba, com o objetivo de aumentar o diálogo entre campo e cidade, a Praça Santos Andrade foi palco de várias manifestações, intervenções culturais, música, teatro, ao todo foram mais de 25 apresentações culturais. A culinária da terra, ofereceu comidas típicas e outras guloseimas. Mais de 100 coletivos também trouxeram alimentos para comercializar durante todos os dias na feira de agrobiodiversidade, além das artes camponesas, indígenas e quilombolas. Outros espaços também foram construídos para oferecer serviços aos participantes, como a barraca de Saúde Popular. Palestras, cursos e oficinas foram oferecidas gratuitamente a todas e todos interessados, e neste ano, ocorreu o espaço de diálogo com os projetos de extensões universitárias, foi o “Espaço conhecimento em ação”, que ocorreu na Praça Generoso Marques, onde o CEPEDIS esteve presente dialogando com os participantes. A jornada também contou com o túnel do tempo, sediado no pátio da reitoria da UFPR, cujo tema, organizado e construído pelas escolas do campo, cujo tema foi “História da luta pela terra e a construção da soberania popular”.
Inicidas em 2002, na cidade de Ponta Grossa, as Jornadas de Agroecologia, idealizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), surgem como alternativa ao projeto da agricultura industrial, hegemônica e exploradora. Assim, é a alternativa para a construção de outra forma não só de agricultura, mas também relações sociais e econômicas. Nesta luta vários movimentos sociais foram se agregando, bem como instituições públicas e outros coletivos e, atualmente, conta com a participação de mais de 67 instituições e coletivos na sua construção, que foram se somando ao longo destes 18 anos de luta por outra forma de produzir comida saudável, com respeito à natureza e às tradições dos povos do campo.
As Jornadas sempre tiveram como função o estímulo e a orientação para o intercâmbio de experiências técnico-produtivas, de seus processos organizativos de produção, agroindustrialização e comercialização coletivos, de realização de feiras municipais e regionais de sementes crioulas e ampla agrobiodiversidade, de atividades culturais, de formação e educação em agroecologia. E o espaço da feira de sementes, tem papel central para a continuidade deste projeto, Neste espaço são as sementes são comercializadas e trocadas entre os agricultores, mas também são recebidas e catalogadas as doações de sementes crioulas trazidas pelos povos do campo e da cidade, para a cerimônia da partilha, na qual todos os participantes podem levar as sementes e se tornar uma guardiã ou guardião das sementes crioulas, neste ano contou ainda com o movimento de “Adoção de Sementes Crioulas”, no qual os adotantes assumem a responsabilidade de cuidar de uma ou mais espécie de sementes para multiplica-la e trazê-la na próxima Jornada.
“A Jornada é um processo permanente e contínuo de trocas de saberes: no cultivo da terra, no semear da agrobiodiversidade e no cuidar da água, na colheita da soberania alimentar, no uso das plantas medicinais e terapias naturais, nas escolas do campo, nos conhecimentos dos guardiões e guardiãs das sementes e na ciência cidadã. É uma construção de projeto popular soberano, com arte, cor, sabor, amor, cultura, poesia e alimento saudável”, afirma a Carta da 18ª Jornada da Agroecologia.
[1] Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Direito Econômico e Socioambiental, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.