Realizada a 17ª edição da Jornada de Agroecologia, em Curitiba

Por Anne Geraldi Pimentel*

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Nos dias 6 a 9 de junho de 2018, foi realizada a 17ª edição da Jornada de Agroecologia do estado do Paraná. E pela primeira vez, o evento ocorreu no centro da cidade de Curitiba, capital do estado, buscando ampliar suas bases de sustentação, trouxe como novidade a discussão da necessidade de integração da luta do campo e da cidade na construção de outro modelo de produção agrícola e de consumo. Enfrentando a lógica da produção agrícola industrializada, que produz mercadorias com uso de agrotóxicos e transgenia, e leva a morte da natureza e do homem.

Historicamente, a primeira Jornada de Agroecologia foi realizada em 2002, na região do município de Ponta Grossa, desde então o evento se repete todos os anos, com a participação de milhares de pessoas (camponeses, assentados e acampados, povos tradicionais, pesquisadores, estudantes),  e sempre com “o ideal de que a base se sensibilizasse, compreendesse e aplicasse os conceitos e práticas agroecológicas em seus lotes nos assentamentos e acampamentos, massificando a difusão da Agroecologia em todo o interior do estado”[1].

A Jornada de Agroecologia nasce da ampliação da luta do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) contra o sistema hegemônico de produção agrícola, assim, a partir dos anos 2000 que o MST passa a buscar a transformação social através da difusão do modelo de produção agroecológico, como outro modelo de produção que respeite a natureza e fundamentado nos saberes e fazeres tradicional dos camponeses, com produção de alimentos verdadeiramente saudáveis e com preço justo, para dar acesso a toda a população.

Nos quatro dias a Jornada 10 mil participantes circularam pela Praça Santos Andrade, pelo prédio da reitoria da UFPR, onde havia o túnel do tempo, atração que contou a história da agricultura, enfatizando a necessidade de busca de outras formas de produção a partir dos saberes fazeres populares e de construir a soberania alimentar. Conferências, seminários e oficinas foram realizados com o objetivo de difundir esses conhecimentos a todos os povos.

Os 126 feirantes, 17 coletivos de produção, 14 associações, 13 cooperativas comercializaram 12,5 toneladas de alimentos saudáveis, produzidos sem transgenia, sem agrotóxicos e sem agredir o meio ambiente.

Muitas atrações culturais, com a participação de 180 artistas e produtores culturais. Teve Fandango Caiçara, forró de rabeca, Alohabana, a Trupe dos Encantados, Orquestra Latino Americana da Unespar, Coletivo Dunyaben, Nação Guarani (grupo de rap composto por indígenas guarani), Viola Quebrada (grupo curitibano inspirado na riqueza da música caipira e da vida no campo). Teatros: Teatro de Mamulengo; Espetáculo “Aconteceu no Brasil, enquanto o ônibus não vem”, com o Arte da Comédia; Teatro Lambe-Lambe, formado por um palco em miniatura confinado em uma caixa preta de dimensões reduzidas, com apresentações para um espectador por vez. Além de shows com artistas famosos como Letícia Sabatela, Ana Cañas, Otto e a Escola de Samba Paraíso do Tuiuti.

Assim, foram quatro dias de luta contra um sistema hegemônico, que causa desigualdades sociais, injustiças e destrói a natureza. Denunciando a criminalização dos movimentos sociais. Lutando pela liberdade de Lula, em uma marcha em apoio ao acampamento “Marisa Letícia”, que há mais de 60 dias está em frente ao prédio da Polícia Federal em Curitiba.

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>> Acesse a carta da 17ª Jornada de Agroecologia <<

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[1] GONÇALVES, S. Campesinato, resistência e emancipação: O modelo agroecológico adotado pelo MST no estado do Paraná. Tese (Doutorado em Geografia). Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Faculdade de ciências e tecnologia campus de Presidente Prudente, São Paulo, 2008, p. 226.

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*Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Direito Econômico e Socioambiental, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

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